Conheça o homem que escolhe quem pode comprar um Ferrari

Pouca gente sabe quem é Enrico Galliera, mas a verdade é que é um dos nomes mais poderosos da Ferrari. Galliera é o Director de Marketing e Comercial da fabricante de Maranello e mais importante ainda, é ele quem decide quem pode ou não comprar os modelos de edição limitada da marca do "Cavallino Rampante".

Esta função valeu-lhe a alcunha de "Mr. No" (O Sr. Não em português), já que é ele que tem de comunicar a multimilionários que não podem comprar o automóvel que desejam… "A parte mais difícil do meu trabalho é dizer não", confirmou Enrico Galliera em declarações à publicação "Drive", antes de acrescentar que a pressão que alguns clientes fazem é "extrema".

Galliera vai mais longe e garante mesmo que a Ferrari olha ara estas edições especiais como uma espécie de bónus para os melhores clientes da marca. "Temos muito mais procura do que oferta. Por isso aquilo que fazemos é premiar os bons clientes. Os carros de edição limitada são considerados um presente para os nossos melhores clientes".

É certo que a ideia de "cobrar" mais de 1,5 milhões de euros (antes de impostos) por um "presente" para os seus clientes pode parecer um pouco "arrogante", mas a verdade é que a Ferrari se certifica que os "escolhidos" se sintam muito especiais.

Veja-se por exemplo a forma como a marca do Cavallino Rampante informou os 200 clientes escolhidos que podiam avançar para a compra do mais recente modelo especial da Ferrari, o LaFerrari Aperta. Depois de reduzir a lista de clientes a 200, Galliera enviou uma pequena caixa para todos eles que continha uma chave da Ferrari e um bilhete que perguntava se queriam comprar o próximo descapotável da marca, que nessa época ainda nem era conhecido.

E a verdade é que os 200 clientes responderam de forma afirmativa, pelo que é seguro afirmar que a Ferrari vendeu os 200 LaFerrari Aperta via… correio! Mas também é seguro dizer que os quase 1,5 milhões de euros investidos (antes de impostos) são uma garantia quase certa de lucro. O LaFerrari, por exemplo, já triplicou o valor de mercado em apenas quatro anos.

Galliera revelou ainda que recebeu pedidos de várias pessoas que "não mereciam" um Ferrari e que apenas tinham muito dinheiro. Para Galliera, estas são as pessoas mais fáceis de rejeitar, mas tarefa complica-se quando tem de "dar o não" a alguém que "é muito bom cliente".

Por esta altura já deve ter percebido que para se candidatar a um modelo de edição limitada da Ferrari não basta ter dinheiro, tem mesmo de "cair nas graças" da marca italiana. E acredite, nem os funcionários da marca do "Cavallino Rampante" têm vida facilitada, muito pelo contrário.

Só há dois funcionários com "caminho aberto" para estas versões exclusivas: Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen (ou os dois pilotos da Scuderia Ferrari da altura em causa). O patrão do marketing da Ferrari garante que todos os outros não costumam ter permissão para comprar este tipo de modelos. E a justificação é simples: "com uma produção tão limitada e com os clientes a esperarem tanto para terem os seus carros, não era simpático se os carros fossem entregues aos funcionários".