Gostos não se discutem e é difícil agradar a todos. Mas mesmo com isto em mente arriscamos dizer que o Ferrari acima é um dos automóveis mais bonitos de sempre. À primeira vista parece um dos cerca de 1000 exemplares produzidos do 275 GTB, mas é muito mais do que isso.
A relação entre esta carroçadora – que desde 2015 pertence aos indianos da Mahindra – e a Ferrari remonta aos anos 50, depois de Battista "Pinin" Farina e Enzo Ferrari se terem reunido num restaurante em Tortona, uma cidade entre Turim e Modena e que ambos consideravam "território neutro", já que ninguém queria reunir nas sedes um do outro, algo que consideravam um sinal de… fraqueza!
Esta reunião acabaria por ser o início de uma ligação que se prolongou até aos dias de hoje, sendo que a partir dos anos 70 quase todos os modelos que deixaram Maranello eram assinados por este estúdio de design.
Ainda assim, é inegável que a Pininfarina fará sempre parte da história da Ferrari e a prova disso são modelos como o que aqui lhe trazemos. E voltando a ele, que afinal é o motivo pelo qual recuperámos o início de uma das relações mais importantes da história automóvel, importa esclarecer os motivos pelo qual este modelo é tão especial.
O 275 GTB, à imagem de muitos Ferrari daquela época, foi desenhado no estúdio da Pininfarina e a carroçaria construída pela Scaglietti, ambos na província italiana de "Emilia Romagna". Porém, com este 275 GTB Speciale as coisas foram diferentes. A Pininfarina recebeu dois chassis do 275 da Ferrari, um deles foi usado para construir um protótipo e o outro para construir um veículo pessoal para Battista "Pinin" Farina. Acabaria por ser exibido no Salão Automóvel de Frankfurt de 1965 e apostamos que não terá deixado ninguém indiferente, afinal foi a primeira vez que se viu um "ao vivo".
Agora, e à distância, reparamos que contava com alguns detalhes revolucionários e que o tempo acabou por provar que foram uma escolha certa e à frente para o seu tempo. O que salta mais à vista é o enorme difusor traseiro, um detalhe cada vez mais comum nos automóveis actuais mas em 1965 era uma solução bastante radical. As jantes eram de alumínio e o interior uma verdadeira obra de arte, com vários apontamentos cromados a contrastar com o couro castanho usado para forrar os bancos e os painéis das portas. Destaque ainda para os dois relógios Heuer montados logo abaixo da manete de mudanças.