Todos os dados apontavam nesse sentido mas agora há um estudo que os sustentam. Os carros 100% eléctricos emitem menos dois terços de dióxido de carbono em relação aos movidos a gasóleo e a gasolina, segundo nota da agência Lusa.
O relatório, apresentado esta segunda-feira pela Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E, na sigla em inglês), e replicado pela associação ambientalista portuguesa Zero, tem em conta todo o ciclo de vida do veículo, desde a fabricação até ao abate.
No caso específico do nosso país, um automóvel eléctrico emite menos 66% de dióxido de carbono (CO2) do que um a "diesel", e menos 68% do que um a gasolina.
O estudo da T&E, que junta mais de 50 organizações ambientalistas de 26 países europeus, teve em conta as emissões de CO2 associadas à construção e operação dos veículos eléctricos.
Usando critérios comparativos idênticos aos veículos convencionais, a análise incidiu desde os materiais usados até à sua montagem, passando pela bateria e pelo consumo de electricidade com o carregamento.
A T&E explica que "um automóvel eléctrico médio na União Europeia já apresenta três vezes menor impacto de emissões do que um carro convencional equivalente".
Para o efeito, a federação europeia disponibilizou uma ferramenta na sua página electrónica que assim o confirma.
No estudo, é afirmado que os carros eléctricos serão cada vez mais "limpos" nos próximos anos, com a descarbonização da economia europeia.
Até 2030, essa motorização será, pelo menos, quatro vezes mais "limpa" do que as propulsões a gasolina ou a gasóleo.
No caso português, os valores agora revelados tiveram em conta um automóvel de gama média e com um ciclo de vida útil de 225 mil quilómetros.
A esse valor foram somadas as emissões de CO2 ligadas à produção e distribuição de electricidade, e à produção da bateria (incluindo todas as emissões associadas à sua construção, incluindo a mineração) na Europa, num país com electricidade produzida com reduzidas emissões de gases poluentes.
Mesmo em nações como a Polónia, onde a produção de energia é mais dispendiosa em termos de CO2 devido ao uso intensivo do carvão, as viaturas eléctricas superam, em termos gerais, as convencionais em todos os cenários.
Neste caso particular, os carros eléctricos são 30% melhores, de acordo com os números apresentados na análise.
A T&E nota que os valores analisados tendem a ser melhorados, com baterias melhores e mais duráveis, e com o aumento cada vez maior de energias renováveis.
A Zero conclui, face ao estudo agora publicado, que um carro eléctrico com emissões médias economiza mais de 30 toneladas de CO2 durante a sua vida útil comparativamente a um carro convencional.
Caso se trate de um "eléctrico" que opere como um táxi, essa poupança poderá chegar até às 85 toneladas de emissões poluentes emitidas.
Com estes resultados, a T&E considera urgente que seja acelerada a transição para a mobilidade eléctrica, descarbonizando, ao mesmo tempo, a rede eléctrica.
A federação lembra o Acordo Verde Europeu, que estabelece a descarbonização da União Europeia até 2050, aguardando por leis e regulamentos que consagrem essa descarbonização.
Ao mesmo tempo, defende que a União Europeia deve implementar uma fase de abandono dos carros convencionais em todo o espaço comum até 2035.
A Zero reforça a proposta, afirmando que o Estado deveria assegurar o apoio de 2.250 euros na aquisição de veículos 100% eléctricos no âmbito dos incentivos económicos para relançar a economia, após a pandemia do Covid-19, de uma forma mais amiga do ambiente.
Esse incentivo deveria estender-se ao abate de veículos com mais de 15 anos, proporcionando um incentivo financeiro caso se opte pela compra de um carro 100% electrificado.
Segundo estimativas referidas no documento, até 2030 as vendas de automóveis eléctricos deverão aumentar mais de 30 vezes na Europa, passando dos 1,3 milhões de unidades no final de 2019, para os 44 milhões em 2030.