Com tanta coisa importante para desenvolver e a Ford foi agora preocupar-se em… dificultar-nos a vida a reconhecer os futuros modelos que andam a testar nas estradas públicas! A marca da oval vai passar a cobrir os seus protótipos com uma nova camuflagem que, segundo diz, torna quase impossível detectar quaisquer detalhes estilísticos do carro, mesmo que ele passe mesmo à nossa frente.
Ao mesmo tempo que desenvolvem as mais modernas tecnologias para os nossos automóveis, os grandes construtores travam, entre eles, uma verdadeira "guerra" industrial, onde todos os detalhes devem manter-se escondidos o maior tempo possível. Nomeadamente os contornos dos novos modelos, sempre muito cobiçados pelos órgãos de comunicação da especialidade mas, acima de tudo, pelas marcas concorrentes. O cruzamento da incontornável necessidade de testar os seus protótipos em estradas públicas com a proliferação de "smartphones" fez com que a exposição a potenciais "espiões" aumentasse significativamente.
Por isso a Ford recorreu a especialistas em camuflagem, embora a solução tenha acabado por aparecer… numa pesquisa pela Internet.
"Procurei criar um ‘design’ que fosse caótico e que perturbasse os olhos", explicou Marco Porceddu, engenheiro de protótipos da Ford Europa, e criador desta nova camuflagem.
"Pesquisei sobre ilusões de óptica na Internet e surgiu-me uma forma que pode ser copiada e sobreposta milhares de vezes. Isto cria simultaneamente uma ilusão óptica e um efeito 3D".
A marca designa este padrão por 3D Brick tratando-se, basicamente, de milhares de cilindros pretos, brancos e cinzentos, cruzados de forma aparentemente aleatória para originar um padrão caótico que dificulta a percepção dos pormenores do carro. Até porque pretende fazer com que seja até cansativo estar muito tempo a olhar para ele… Este padrão poderá ser usado num tom quase branco para os testes de frio realizados na neve, ou poderá assumir um tom mais amarelado para os ensaios de calor que são feitos em zonas mais arenosas, como na Austrália e América do Sul.
Para cada novo modelo que tem de ser testado nas ruas é desenvolvida uma camuflagem específica, o que demora cerca de dois meses a fazer, num departamento especializado da Ford. Depois, o padrão é impresso numa película autocolante de vinil mais fina que o cabelo humano e que é, então, aplicada sobre a carroçaria. Antes de ir para a rua, fotógrafos da Ford ainda fazem o teste final sobre a eficácia da nova camuflagem!
Um trabalho exaustivo… para nos complicar a vida, mas que recebeu a aprovação de um especialista na matéria:
"A ilusão de óptica não impede o carro de ser visto, mas joga com a capacidade de medir a profundidade de campo e as sombras, tornando difícil ver as formas e as características do veículo", explicou Martin Stevens, professor da universidade de Exeter, que há 15 anos estuda a coloração e camuflagem de animais.
"É uma astúcia usada na natureza para escapar a qualquer coisa ou para se esconder, o que é igualmente útil para um carro de teste".