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Já vimos “Le Mans 66 - O Duelo”: vale a pena?

12:50 - 15-11-2019
 
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Já vimos “Le Mans 66 - O Duelo”: vale a pena?

"Le Mans 66 - O Duelo" ou "Ford v. Ferrari", dependendo do lugar onde é exibido, é o grande filme do momento. Conta a história do "embate" entre Ford e Ferrari nas 24 Horas de Le Mans mas acima de tudo retrata a história de um homem que o grande público não conhecia, pelo menos a este nível, Ken Miles. Isso não é assumido no título, até porque qualquer um dos escolhidos tem muito mais potencial para garantir uma grande bilheteira, mas foi esse o caminho seguido pelo realizador James Mangold, que tratou de contar uma história para uma audiência mais ampla e não apenas para os fanáticos da competição automóvel.

Já vimos “Le Mans 66 - O Duelo”: vale a pena?

Ao contrário do que aconteceu com títulos como "Grand Prix" de 1966 ou "Le Mans" de 1971, com Steve McQueen em grande destaque, "Le Mans 66 - O Duelo" não tenta ser um filme apenas de corridas. Mas é precisamente isso que faz dele um filme tão interessante de seguir, já que as corridas - sobretudo a final - são o culminar de uma série de relações pessoais e hierárquicas que só nos permitem criar ainda mais empatia por Carrol Shelby, interpretado por Matt Damon, e por Ken Miles (Christian Bale), veterano da Segunda Guerra Mundial que rumou aos Estados Unidos para tentar a sorte com piloto. Mas vamos por partes…

Recriar e captar a energia de uma competição automóvel no cinema nunca foi tarefa fácil mas este filme faz-nos viajar até aos anos 60, altura em que a competição automóvel acarretava um nível de risco impensável para os dias de hoje e onde qualquer corrida podia ser sempre a última. Apesar de ter visto o filme no conforto de uma sala IMAX, senti a vibração dos motores e o cheiro da gasolina mas, acima de tudo, senti o perigo e a velocidade.

A fotografia é fantástica e toda a composição merece o nosso elogio, mas há várias injecções de "Hollywood" que não escaparam aos adeptos mais fervorosos das corridas, a começar numa luta entre Ken Miles e Caroll Shelby que pouco - ou nenhum! - sentido faz e passando por um momento em que os olhares de Miles e Bandini se cruzam, em plena recta de Mulsanne, a quase 300 km/h.

Mas voltamos ao ponto inicial: James Mangold não quis criar um filme de carros e isso justifica toda esta liberdade criativa, que também se aplica ao momento que esteve na base desta "guerra", as negociações entre Ford e Ferrari, que na verdade duraram cerca de um mês mas que no filme se resumem a apenas… um dia!

O acordo entre a marca da oval azul e a fabricante de Maranello caiu nos instantes finais, tal como nos é apresentado no filme, com "Il Commendatore" Enzo Ferrari a encontrou uma cláusula no contrato que dava o controlo da Scuderia Ferrari à Ford, com um orçamento muito reduzido. E se é verdade que Enzo Ferrari reagiu de forma impulsiva e insultou todos os responsáveis da Ford, não é verdade que a FIAT tenha ido logo a correr comprar a marca do "Cavallino Rampante", já que esse acordo só se viria a firmar alguns anos depois, a 21 de Junho de 1969.

Contas feitas, entre estas imprecisões históricas que certamente não vão agradar aos fãs mais acérrimos desta luta e o potencial de alargar a história a mais espectadores, acho que o rumo escolhido por James Mangold foi acertado e que o filme entrega precisamente aquilo que promete: uma história intensa do início a fim, com grandes prestações de Matt Damon e Christian Bale, e "temperada" com cenas de velocidade muito realistas.

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