Não há automobilista que não embirre com elas! São lombas e lombinhas, umas mais suaves, outras quase a obrigar a um exercício de alpinismo, tornam a condução desagradável, em constante pára-arranque e desconfortável para os ocupantes dos veículos, pelos permanentes solavancos. Concedamos, contudo, que atingiram o objectivo primordial de obrigar a reduzir as velocidades exageradas que muitos automobilistas praticavam em zonas delicadas.
Contudo, há sempre o reverso da medalha e um estudo recentemente publicado em Inglaterra acaba de demonstrar o… lado negro das chamadas lombas de "acalmia de velocidade": a sua proliferação aumentou de tal forma o número de travagens e reacelerações que levou a que a poluição provocada pelos automóveis disparasse! Ao ponto desse estudo estimar que, só no Reino Unido, a poluição suplementar originada pelas referidas lombas seria responsável por… 25 mil mortes!
Daí que o Instituto Nacional para a Saúde e Cuidados de Qualidade (NICE) tenha vindo propor a remoção dessas lombas ou, pelo menos, uma nova concepção, para que os automobilistas não tenham de travar tão fortemente para depois terem de acelerar também de forma mais decidida. Porque a proliferação destas lombas não só faz com que os carros andem constantemente em ciclos muito curtos de aceleração e travagem – com o consequente aumento de consumos e emissões poluentes –, mas chega a provocar pequenos engarrafamentos que, por si só, são situações que contribuem para aumentar a poluição.
Não esfregue, contudo, as mãos de contente, imaginando que se encontrou, finalmente, um bom argumento para nos vermos livres daquelas desagradáveis lombas que ganharam epítetos tão famosos como "quebra-molas" ou "polícias deitados"… Porque, além daquelas sugestões, aquela autoridade britânica avança com outras ideias para reduzir a poluição nos centros urbanos, em que à volta de 65% é causada pelo tráfego automóvel.
Por exemplo, o pagamento de taxas para entrar em zonas das cidades onde a concentração de tráfego seja maior. Ou a redução significativa do limite de velocidade dentro das cidades e o reforço do seu controlo. Ou até o aumento do número de dias e a verdadeira aplicação da ideia das "Cidades sem carros"… Estas ideias já não são tão boas, pois não, caro automobilista? Pois…
Mas a verdade é que algo tem de ser feito para baixarmos drasticamente os níveis de poluição das nossas cidades. E livrarmo-nos das lombas pode ser um passo, assim haja um compromisso de todos nós em mantermos o respeito escrupuloso pelos limites de velocidade. Porque há uma outra estatística de que não nos podemos orgulhar e que sustenta a adopção das malfadadas lombas: uma elevadíssima percentagem das vítimas mortais em acidentes rodoviários são peões, vítimas de atropelamentos em ambiente urbano!