Pode ter-se estreado numa esquecida Toleman ou feito o seu nome na Lotus e até ter acabado tragicamente na Williams, mas Ayrton Senna será sempre recordado pelas glórias alcançadas ao volante dos McLaren de Fórmula 1. Portanto, nada de mais natural que a marca de superdesportivos britânica tenha dado o nome do lendário piloto brasileiro à sua mais recente criação, um hiperdesportivo da família Ultimate Series, onde até hoje só coube o extraordinário P1.
O McLaren Senna é definido numa curta frase: o que há mais próximo de um carro de competição mas que ainda está autorizado a ser utilizado nas estradas! Conhecido internamente como o projecto P15 – de facto, o nome Senna assenta-lhe muito melhor! –, a McLaren faz questão de esclarecer que este não é o sucessor do P1. Esse, acrescentamos nós, será o hiperdesportivo de três lugares (o condutor ao meio) que está a ser desenvolvido sob o nome de código BP23.
Aliás, a sua mecânica nem é híbrida, como era a do P1, estando confiada a uma versão do V8 4.0 biturbo já conhecido do 720S, mas aqui com o seu poderio elevado aos 800 cv e 800 Nm, acoplado a uma caixa de sete velocidades e dupla embraiagem. O McLaren Senna aproveita, aliás, muitos dos ensinamentos do desenvolvimento do 720S, utilizando o mesmo chassis em fibra de carbono denominado "Monocage III". O que, juntamente com a carroçaria feita em materiais leves, limita o peso aos 1198 kg, sendo 220 kg mais ligeiro que um 720S. Assim, consegue acelerar até aos 100 km/h em apenas 2,6 s e atingir os 320 km/h!
McLaren homenageia Senna com hiperdesportivo de 800 cv!
Se a dianteira ainda pode dar alguns ares de outros modelos da marca, todo o resto do "Senna" foi esculpido pela passagem do ar, num trabalho aerodinâmico notável. O enorme "spoiler" dianteiro sobre o qual se abrem grandes tomadas de ar com aletas móveis, para uma aerodinâmica activa. A cabina de pilotagem em forma de lágrima – original a lateral em vidro que pode ser trocado por fibra de carbono – e grandes passagens de ar através das cavas das rodas. Para culminar numa espectacular traseira, dominada pela gigantesca asa mas onde também se destacam as três saídas de escape agrupadas e o enorme extractor traseiro.
Com o RaceActive Chassis Control II (RCC II), o McLaren Senna dispensa as barras estabilizadoras, confiando numa suspensão de braços duplos com amortecedores adaptativos hidráulicos controlados em permanência. Para o aproveitar em pista, colocando-o em condições perfeitas, o McLaren Senna tem até um modo "Race", em que a altura ao solo fica ainda mais reduzida e a suspensão mais seca. Da competição chega também toda a tecnologia de travagem, com discos carbocerâmicos e um sistema que a McLaren diz ser o mais avançado até hoje montado num carro de estrada.
Para não destoar, também o habitáculo parece saído da competição, totalmente minimalista… Apenas um ecrã central onde se controlam as pequenas "mordomias" – rádio, sistema de som, navegação, telefone ou câmara traseira – e, na consola central, os botões imprescindíveis. E, claro, umas autênticas "bacquets" de competição, onde se chega através das vistosas portas de abertura para cima e para a frente.
"A nossa família está extremamente orgulhosa pela designação do novo Ultimate Series McLaren Senna. Este é o primeiro projecto que espelha, de facto, o espírito competitivo e a ‘performance’ de Ayrton", afirmou Bruno Senna, sobrinho do tricampeão do Mundo de F1 brasileiro e embaixador da McLaren.
"O McLaren Senna honra o meu tio por ser tão perfeito na forma como permite uma experiência em circuito que faz com que cada condutor consiga extrair o melhor de si próprio, pela ligação perfeita que se cria entre o carro e o condutor".
O McLaren Senna estará em exibição no próximo salão automóvel de Genebra, nos primeiros dias de Março, mas só começará a ser produzido no terceiro trimestre de 2018. E só serão feitas 500 unidades, a um preço base de 750 mil libras, o que rondará os 850 mil euros… sem contar com os nossos impostos. Mas, diz a McLaren, estão já todos reservados!