EQ é a nova "sub-marca" da Mercedes para o universo dos veículos eléctricos, a grande aposta dos alemães para responder à necessidade de redução dos consumos e da emissão de poluentes. A estratégia foi definida passo a passo e, ao mesmo tempo que a oferta de propostas 100 por cento eléctricas vai crescer, a tecnologia híbrida será uma ponte num caminho que a médio prazo chegará às "fuel cells" (pilhas de energia).
Ninguém duvida que o paradigma automóvel está a mudar muito rapidamente, mas a questão do carregamento eléctrico continua a ser um grão de areia na engrenagem. A Mercedes afirma que o futuro EQC necessita de 40 minutos para um carregamento a 80 por cento num "posto rápido" de 110 kWh, mas numa tomada normal a carga total demora entre 10 e 12 horas. E este é o maior problema.
A maioria dos países (e Portugal não é excepção) não têm uma infra-estrutura capaz de responder a estas necessidades, e muito dificilmente irá tê-la nos próximos anos. Criar uma rede exige investimentos avultados, seja nas unidades, seja na potência energética necessária para abastecê-las. Não existem perspectivas de rentabilidade imediata para este negócio e ninguém investe sem perceber quando irá ter retorno.
Viajar num automóvel eléctrico exige programação: saber onde estão os postos de carga rápida (e se estão a funcionar...) e acreditar que não há fila de espera (muito comum). Por isso, a maioria dos "eléctricos" está refém da cidade. A autonomia anunciada é tão verdadeira como os consumos médios de combustível anunciados para os automóveis convencionais, que nenhum condutor é capaz de igualar, seja qual for o tipo de normas de medição.
Há dois caminhos para os híbridos: por um lado os "light", com um sistema eléctrico de 48 Volts, que aliam o tradicional motor de arranque e alternador de forma a permitir recuperar energia de desaceleração e travagem, e outro tradicional, que alia motores de combustão com eléctricos.
Este híbridos oferecem o melhor de dois mundos, especialmente os "Plug in" (recarregáveis na tomada), já que garantem alguma autonomia eléctrica em cidade e permitem qualquer tipo de viagem.
A Mercedes continua a apostar em motores diesel como o bloco de 1.950 cc que vai surgir no Classe E 300de (em Dezembro) e no Classe C 300de, mas também no motor a gasolina 1.991 cc do E 300e ou no novo seis cilindros com base no V6de 3.0 litros do S 560e.
Esta opção permite utilizar baterias de menor dimensão e mais leves. Mas para este tipo de tecnologia chegar ao mercado e atingir o nível a que hoje já chegou o mercado de eléctricos, "será necessário esperar pelo menos três décadas", afirmou-nos Uwe Ernstberger, vice-presidente da Mercedes responsável pelos Classe C, E e S. Depois, iremos ter os mesmos problemas que são necessários ultrapassar hoje para afirmar os automóveis eléctricos: como será produzido e quem irá apostar na criação de uma rede de distribuição?...