O negócio dos carros de colecção continua a movimentar milhões e já se anuncia mais uma venda mirabolante para o início de 2018! Nada menos que o primeiro Alfa Romeo construído sob esta designação, o G1 de 1921, para mais o único exemplar que se julga ter resistido ao cansaço dos anos… Não que tenham sido feitos muitos, apenas 52 unidades foram construídas do que seria um superdesportivo na sua época, mas que acabaria por se tornar pouco popular pelo que gastava, numa altura de alta dos preços dos combustíveis.
A história do G1 é, aliás, bem interessante, pois acaba por contar o nascimento da própria Alfa Romeo. Em 1910 tinha sido fundada a A.L.F.A. – Anonima Lombardia Fabbrica Automobili, nos arredores de Milão, sobre o que tinha sido a Darracq Italia. Ainda produziu alguns carros desenhados pelo genial Giuseppe Merosi e iniciou a lenda dos sucessos desportivos. Mas, com o eclodir da I Guerra, virou-se para a produção de material necessário para o conflito, a partir de 1916 já sob a liderança de Nicola Romeo.
Após o final da Guerra, foi retomada a produção de automóveis e Romeo avançou com uma disputa legal para tomar conta da ALFA que viria a transformar em Alfa Romeo. Foi nesta transição que Merosi projectou o G1 que seria o primeiro modelo a ostentar o nome Alfa Romeo, contando com um poderoso motor de seis cilindros e 6,3 litros de cilindrada que debitava 80 cv. Numa altura em que a potência normal de um automóvel familiar andava entre os 20 e os 30 cv, o G1 era um rapidíssimo desportivo que atingia vertiginosos 138 km/h!
Curiosamente, por a sua popularidade numa Europa ainda a curar as feridas de uma Guerra mortífera ser muito pequena, praticamente toda a produção acabou por ir parar à Austrália e é aí que começa a atribulada história desta unidade que será o centro das atenções do leilão que a RM Sotheby’s levará a cabo em Phoenix (Arizona, EUA), em Janeiro. O chassis 6018, que terá sido dos primeiros a ser construído, foi comprado por um empresário que, no entanto, viria a entrar em falência pouco depois, mantendo o carro escondido num celeiro durante 25 anos.
O Alfa Romeo G1 foi descoberto em 1947 por um agricultor que usou o carro para… controlar o gado até bater numa árvore. Depois, aproveitou o motor como bomba de água… Até que um entusiasta da marca conseguiu "resgatar" todo o carro em 1964. Após várias restaurações e mudanças de mãos, em 1995 foi vendido a Julian Sterling que o colocou no seu estado original, antes de o vender à Ateco Automotive, importador da Alfa Romeo para a Nova Zelândia.
E assim se chega aos dias de hoje, depois deste fantástico bilugar ter participado já em diversos eventos e exposições de automóveis clássicos, sempre com um brilho especial. Recebeu, inclusive, alguns prémios em Pebble Beach, o mais famoso dos concursos de elegância, o que só aumentou o seu currículo… e valor! Agora, deverá encontrar um novo dono, mas terá de ser alguém que esteja disposto a desembolsar, no mínimo, 1,3 milhões de euros, base de licitação que deverá subir para uma peça tão rara (não se conhece outro G1 que tenha sobrevivido até hoje!) e em tão bom estado.