É verdade que o Grupo VW conseguiu "sobrevoar" o escândalo dos Diesel para terminar um ano de 2017 pleno de recordes, quer a nível de veículos vendidos, quer no dinheiro encaixado. Mas não deixou de surpreender muita gente e até chocar os mais sensíveis a revelação de que o presidente do Grupo, Matthias Müller, tinha tido um aumento de ordenado de… 40% em 2017, face a 2016, recebendo a bagatela de 10 milhões de euros!
Explicou que o salário de um dirigente de topo depende de dois factores: a importância da empresa na economia nacional; e as responsabilidades e riscos que pesam sobre os seus ombros. E, diz Müller, este último aspecto tem um peso preponderante, pois diz-se consciente de poder acabar atrás das grades! "Estamos permanentemente com um pé na prisão… Atendendo a essas responsabilidades, os nossos salários justificam-se plenamente".
Müller chega mesmo a recordar que o seu salário poderia ter sido de 14 milhões de euros mas que a Volkswagen tinha imposto novas regras internas no ano anterior que levaram a um plafonamento que lhe limitaram o ordenado a "apenas" 10 milhões. Regras decididas depois de se terem conhecido chorudos bónus para administradores em plena crise do "Dieselgate"… Em 2017, o Grupo VW teve um lucro de 11 mil milhões de euros, o que parece ter justificado, segundo Müller, o seu aumento de ordenado.
Quanto à sua questão de "estar sempre com um pé na prisão", convém de facto recordar que, de momento, há dois quadros da empresa presos nos Estados Unidos, na sequência do "Dieselgate". E que a Justiça norte-americana ainda visa mais alguns nomes. Mas, que se saiba, nenhum pertence ao Conselho de Administração…