A Renault deu esta quinta-feira o tiro de partida para a reorientação estratégica do grupo automóvel, apontando ao aumento do volume de vendas e da criação de valor, e à sua afirmação como parceiro-chave na electrificação automóvel.
Numa apresentação virtual devido às contingências impostas pela pandemia da Covid-19, Luca De Meo, o novo homem forte do grupo francês explicou como a Renaulution se divide em três fases.
A primeira fase, baptizada por Ressurreição, irá concentrar-se na recuperação da margem de lucro e na criação de liquidez financeira até 2023.
Já a fase Renovação, que irá até 2025, visa, como o próprio nome indica, a regeneração e o enriquecimento das gamas automóveis que contribuem para o enriquecimento das marcas do grupo.
Por fim, a fase Revolução, que se inicia em 2025, pretende tornar o grupo gaulês percursor na cadeia de valor, transformando o seu modelo económico nas áreas da tecnologia, energia e novas mobilidades.
"A melhoria da eficácia irá alimentar a nossa futura gama de produtos, tornando-as mais tecnológicas, electrificadas e competitivas", explicou o presidente Luca De Meo.
A nova estratégia "irá alimentar a força das nossas marcas, cada uma com o seu território bem claro e diferenciado, e responsáveis pela sua rentabilidade e pela satisfação dos seus clientes".
Decisivo nesta transformação, no entanto, será a transformação de um grupo automóvel que usa a tecnologia, num grupo tecnológico que trabalha com o automóvel.
Objectivo? Conseguir que, "pelo menos, 20% das receitas até 2030 tenham origem nos serviços, nos dados e na comercialização de energia", sublinhou Luca De Meo.
O grupo Renault conta lançar, até 2025, 24 modelos automóveis, sendo metade para os segmentos C e D, e dez deles 100% eléctricos.
A racionalização da produção também está no cerne da estratégia Renaulution, passando de seis para três plataformas, com 80% da produção a centrar-se em três arquitecturas do conglomerado Alliance, e a passagem de oito para quatro famílias de motopropulsores.
Pretende-se igualmente que cada modelo chegue ao mercado em menos de três anos, com a produção a baixar dos 4 milhões de unidades produzidas em 2019, para 3,1 milhões até 2025.
A Renault irá assumir-se como a marca-chave do grupo automóvel para chegar à liderança do mercado electrificado, com metade dos modelos a lançar na Europa, nos próximos quatros anos a serem 100% eléctricos.
Um Electro-Pôle fabril, a construir muito provavelmente no norte de França, terá a maior capacidade de produção de veículos eléctricos do grupo em todo o globo.
O plano estratégico compreenderá ainda uma parceria relacionada com o hidrogénio para veículos com pilhas de combustível.
Para além de ambicionar ter o mix de produtos mais "verdes" da Europa, será lançada uma ofensiva ao segmento C para fortalecer a posição da Renault no Velho Continente, e focar-se nos segmentos mais lucrativos dos mercados russo e latino-americanos.
Entretanto, foi igualmente anunciado na apresentação da nova estratégia do grupo Renault a criação da nova unidade de negócio Dacia-Lada.
As sinergias que serão criadas ao nível da engenharia e da fabricação automóvel estão exemplificadas na utilização da plataforma CMF-B do grupo Alliance.
As marcas romena e russa, que antes usavam quatro plataformas, passarão a usar apenas uma, com a consequente redução de 18 para 11 tipos de carroçaria.
Os modelos baseados naquela plataforma poderão vir a ser equipados com motores híbridos ou de energias alternativas, seguindo as tendências e as regulamentações do mercado.
Até 2025, estão previstos sete novos modelos, sendo dois dirigidos ao segmento C, com ambas a focarem-se na eficiência energética, com ênfase nos sistemas híbridos de GPL e, no caso da Dacia, na tecnologia E-Tech já presente em vários modelos Renault.
Com a Fórmula 1 no centro do projecto, a Alpine irá juntar as divisões Renault Sport Cars e Renault Sport Racing numa nova entidade.
A insígnia, que se tornará 100% electrificada, irá apostar no desenvolvimento de uma nova geração de automóveis exclusivos e inovadores sob as plataformas CMF-B e CMF-EV, como é exemplo o desportivo eléctrico que está a desenvolver com a Lotus.
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