O trânsito no centro de Lisboa não será mais o mesmo, mesmo se o compararmos com as sucessivas intervenções realizadas nas duas últimas décadas.
A circulação automóvel vai ser proibida na faixa central da Avenida da Liberdade, entre os Restauradores e a Rua das Pretas, dando lugar a um passeio público, anunciou esta sexta-feira o presidente da Câmara de Lisboa.
A medida foi avançada por Fernando Medina, de acordo com a nota da agência Lusa, em sessão camarária de apresentação da nova Zona de Emissões Reduzidas (ZER) Avenidas/Baixa-Chiado.
O acesso automóvel na zona da Baixa-Chiado passará a ser exclusivo para residentes portadores de dístico, desde que o veículo cumpra a norma Euro 3 (posterior a 2000), e para veículos autorizados, entre as 06h30 e as 00h00.
As cargas e descargas nas zonas abrangidas apenas serão permitidas entre as 00h00 e as 06h30. Haverá controlos electrónicos de acesso, excluindo-se barreiras físicas, e sanções para os incumpridores.
É objectivo da autarquia, com estas medidas, reduzir em 40 mil veículos/dia a circulação automóvel no centro da cidade. A autarquia lisboeta confirmou que a sua execução obrigará à requalificação de várias ruas e avenidas nos eixos centrais da capital.
Segundo Fernando Medina, o modelo original de circulação ascendente e descendente nas laterais da Avenida da Liberdade será reposto em todo o seu comprimento, deixando de haver interrupções com sentidos obrigatórios à direita e à esquerda, como agora acontece.
"A Avenida da Liberdade vai deixar de ser uma via de atravessamento até ao rio", adiantou o presidente do município, acrescentando que haverá uma redução de uma via ascendente no corredor central entre os Restauradores e a Rua Barata Salgueiro.
As alterações na Avenida da Liberdade incluem a introdução de ciclovias a ligar o eixo central da avenida à zona ribeirinha e um aumento dos lugares de estacionamento destinados a cargas e descargas, e tomada e largada de passageiro nas laterais.
Serão ainda eliminados mais de 350 lugares de estacionamento rotativo à superfície – cerca de 60% do que actualmente existe –, enquanto os passeios e pavimentos nas vias laterais serão recuperados e alargados.
A Avenida Almirante Reis também será alvo de requalificação, com a supressão de uma via de trânsito em cada um dos sentidos.
Será também introduzida uma ciclovia bidirecional no acesso à Baixa, entre a Praça do Chile e o Martim Moniz, que ligará o Areeiro à zona ribeirinha através da Rua dos Fanqueiros e da Rua do Ouro.
Segundo a autarquia, a requalificação geral da avenida será desenvolvida através de um programa específico a desenvolver com diversos agentes, entre os quais se contam os lojistas dos comércio local.
Também as praças do Martim Moniz e da Figueira serão requalificadas, mas somente após um "amplo processo de participação pública".
A Rua Nova do Almada, a Rua Garrett, a Rua da Prata e o Largo do Chiado passarão a ser interditas a automóveis.
As duas primeiras serão totalmente pedonais, enquanto as duas últimas serão restringidas aos transportes públicos, sem qualquer circulação de veículos automóveis ligeiros. Na Rua dos Fanqueiro e na Rua do Ouro irão ser criadas ciclovias.
O Largo do Calhariz e a Rua da Misericórdia serão alvo de intervenções para o alargamento dos passeios.
Na zona envolvente ao Príncipe Real e a São Bento, a câmara da capital prevê o "impedimento do atravessamento da colina, com a criação de zonas reservadas a peões e transportes colectivos na Rua da Misericórdia e no Largo Camões".
Na Rua de São Bento, o sentido ascendente Parlamento–Largo do Rato estará aberto ao trânsito, enquanto a via descendente será exclusiva para os transportes públicos.
A Rua da Madalena e a Rua do Alecrim, até ao Largo da Trindade, e a Ribeira das Naus não irão ter qualquer restrição à circulação automóvel.
Ao longo deste mês de Fevereiro, o projecto será apresentado de forma mais detalhada às juntas de freguesia, moradores e comerciantes da cidade.
Será também ao longo deste mês que agora se inicia que se iniciará o debate público sobre todo o processo, esperando que todas as burocracias fiquem despachadas até ao final de Março.
Em Maio abrem as inscrições para a obtenção do dístico aos moradores das áreas afectadas.
Será em Junho ou Julho que a Zona de Emissões Reduzidas entrará em vigor, embora ainda com carácter informativo e de sensibilização.