Seja um motor híbrido ou eléctrico, ou caso utilize um automóvel tradicional com um motor de combustão interna a gasolina ou a diesel, há uma situação que não se altera: os consumos ou a autonomia anunciada pelos fabricantes são sempre muito mais optimistas do que os valores reais. Era assim com o "velho" sistema NEDC ou com o mais severo WLTP que entrou em vigor.
Saiba utilizar o "Modo ECO"
Hoje, quase todos os veículos propõem um modo de condução "ECO" com vista a reduzir ao máximo os consumos de combustível e maximizar a autonomia tanto quanto possível. Mas, por muito "inteligente" que seja o sistema, rodar sempre com esta opção ligada não é suficiente para garantir os melhores resultados, apesar dele interferir com o regime do motor, com a caixa de velocidades (no caso de existir) e até com a climatização.
O "Modo ECO" reduz as performances, limitando a potência máxima e até a resposta imediata, pelo que só deve ser utilizado em percursos onde é possível manter uma velocidade mais ou menos constante e onde não se verifiquem constantes travagens e reacelerações (como acontece em estradas sinuosas), uma vez que a resposta do motor está condicionada pelo sistema e obriga a maiores acelerações. Nestas condições, é melhor optar por um modo algo mais dinâmico (talvez o "Comfort"), especialmente nos eléctricos que oferecem uma resposta notável na recuperação à saída das curvas.
Uma aceleração mais forte dura menos tempo do que levar o pé até mais fundo durante um período de tempo superior. Por isso, não se coíba de recorrer ao "Modo Sport" nos motores híbridos, porque terá uma margem de utilização das rotações mais alargada, reduzindo a necessidade de recorrer à caixa de velocidades.
Atenção ao "travão-motor"
Tantos os mais modernos veículos híbridos como os 100 por cento eléctricos contam (pelo menos os mais modernos) com um sistema que permite regular a resistência nas desacelerações para maximizar a recuperação da energia, que vai carregar as baterias.
O comando varia de construtor para construtor e pode surgir na consola central, ou mesmo (como se está a tornar corrente) em patilhas colocadas atrás do volante, na mesma posição onde surgem os comandos da caixa de velocidades nos automóveis desportivos.
No máximo, este efeito "travão-motor" provoca uma desaceleração mais rápida que até pode evitar recorrer aos travões. Este sistema é mais do que eficaz, especialmente em descidas pronunciadas e em estradas sinuosas. Mas em plano, ou em estradas mais rápidas, mais vale minimizar este efeito e jogar com o travão com desacelarações mais longas, que prolongam o tempo em que o sistema está a recarregar as baterias. Isto é importante, sobretudo para os híbridos da última geração.
Nos híbridos (excluindo os "mild hybrid" com baterias de 48 volts) há um comando que permite optar por um modo de condução 100 por cento eléctrico ("EV"), que muitas vezes tem uma autonomia muito reduzida, não indo além dos 50 km na maioria dos casos
Quase todos os veículos que oferecem este "modo" condicionam a velocidade máxima atingível, pelo que é obrigatória uma condução suave. O "EV" foi pensado para ser utilizado em centros urbanos onde é (ou será) proibida a circulação de motores de combustão interna.
Nestes casos, levar ao limite a autonomia eléctrica, em viagem, obriga a recorrer ao motor de combustão interna para recarregar as baterias e, obviamente, o consumo sobe exponencialmente. Por isso, os híbridos da última geração oferecem modos de condução específicos que permitem compatibilizar da melhor forma o consumo de combustível e de electricidade, de acordo com o tipo de condução.
Poupar na climatização
A climatização e sobretudo o ar condicionado aumentam os consumos em qualquer tipo de veículo. Mas a situação é mais importante no caso dos 100 por cento eléctricos, onde muitas vezes é preferivel optar pelo aquecimento dos bancos do que pelo ar condicionado, que acaba por ser mais gastador para garantir a temperatura no interior do habitáculo.
Por tudo isto, é fácil perceber que, num mundo em mudança com o novo tipo de motorizações, o condutor tem de assumir uma nova abordagem à forma como está ao volante, porque tirar o máximo partido de um automóvel electrificado exige uma forma diferente de conduzir.