Quase um ano antes do prometido, a unidade de Mangualde da Stellantis iniciou a produção de veículos eléctricos.
A nova linha de produção foi inaugurada esta terça-feira por Carlos Tavares, presidente executivo do grupo automóvel, na presença do Presidente da República e do ministro da Economia.
O Centro de Produção Stellantis de Mangualde torna-se assim na primeira fábrica em Portugal a produzir veículos eléctricos em larga escala.
O arranque da produção acontece após um investimento de 30 milhões de euros na adaptação da fábrica, integrado no plano estratégico Dare Forward 2030.
Recorde-se que a 31 de Março do ano passado, Carlos Tavares tinha anunciado a produção de veículos eléctricos para o início de 2025.
O objectivo foi atingido antes do tempo e, neste momento, já se procede à montagem destas viaturas naquelas instalações, iniciando-se em Outubro a produção em série.
Assente num investimento global de 119 milhões de euros, a fábrica portuguesa assegurará a produção de oito modelos 100% electrificados nas versões de passageiros e comerciais ligeiros.
Em causa está a produção dos Citroën ë-Berlingo e ë-Berlingo Van, Peugeot E-Partner e E-Rifter, Fiat e-Doblò e Opel Combo-e para os mercados doméstico e de exportação.
À comunicação social, o responsável da Stellantis disse não ter previsões de quantas unidades sairão anualmente da fábrica, já que estão dependentes do caderno de encomendas.
"Hoje festejámos uma delas", afirmou o responsável, referindo-se à encomenda de 719 viaturas destinadas ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) decorrente de um mega concurso público.
A somar aos 300 Peugeot E-Rifter e 419 Citroën ë-Berlingo (419) estão 600 estações de carregamento wallbox de 11 kWh para as cinco administrações regionais de saúde e sete unidades locais de saúde.
Os veículos escolhidos para electrificar a frota do SNS destinam-se a unidades de cuidados continuados de apoio domiciliário do SNS no território continental.
À semelhança da Alemanha e Itália, o caderno de encomendas "está totalmente dependente dos subsídios que os governos europeus quiserem dar à classe média para comprarem veículos eléctricos", ressalva Carlos Tavares.
"O caderno de encomendas de um negócio europeu como o nosso geralmente anda à roda dos três meses de encomendas", explica o responsável.
"Tenho uma ideia muito clara dos carros que vou produzir nos próximos três meses e posso dizer que, a nível europeu, o nosso mix de vendas de veículos eléctricos está na ordem dos 12 a 14% das vendas totais".
"A nível desta fábrica depende das encomendas que vamos receber", frisa. "A única coisa a fazer é criar um processo industrial que seja flexível e permita absorver as variações", como aconteceu em Mangualde.
"Quando temos uma encomenda de 719 veículos para o SNS, vamos tentar fazer os 719 veículos de uma só vez, uns atrás dos outros", refere o executivo. "Durante um certo tempo vamos fazer só veículos eléctricos".
Em Mangualde, a Stellantis está equipada "para fazer de zero a 100% de veículos eléctricos", afirma Carlos Tavares.
E, em jeito de avanço, afirma que a fábrica deverá "bater mais um novo recorde de produção, na ordem dos 87 mil veículos", bem acima das 82 mil unidades produzidas no ano passado.
Carlos Tavares destaca ainda que a fábrica de Mangualde "tem demonstrado um desempenho excelente" em termos de qualidade, custo e agilidade.
"Ou montamos um chassis térmico por baixo do carro ou um chassis eléctrico; a nível de linha de montagem a flexibilidade é quase total", explicou.
A Stellantis de Mangualde liderou uma das agendas mobilizadoras para a inovação empresarial com o projecto GreenAuto, que reúne um consórcio de 37 entidades parceiras num investimento conjunto de 119 milhões de euros.
A unidade fabril sofreu transformações significativas na área industrial, com especial destaque para a criação duma nova linha de montagem de baterias.
Além de ter promovido a total modernização duma área com mais de 800 metros quadrados, a nova zona implementada no sector da montagem permitiu a criação de 63 novos empregos.
"Fizemos esta escolha porque achamos que a fábrica de Mangualde tem um grande potencial em qualidade e uma boa competitividade de custos, que neste momento até é melhor do que a de Vigo".
"Portanto, não há razão para não dar a esta instalação o fabrico dos veículos que representam o futuro", conclui Carlos Tavares.
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