Para quem ainda acredita que a Dacia não passa de uma marca low cost, essa ideia fica definitivamente de parte com o novo Bigster que a insígnia franco-romena irá levar ao salão automóvel de Paris.
Revelado esta terça-feira, assume-se como o verdadeiro SUV familiar que o protótipo já prenunciava há quase quatro anos, atacando de forma decisiva o mercado C-SUV de que a marca ainda estava ausente.
Quatro níveis de equipamento – Essential, Expression, Extreme e Journey – e uma motorização 100% híbrida inédita no grupo Renault equipa a proposta, a que se somam duas a gasolina e uma bifuel.
A Dacia ataca o mercado dos SUV de grande porte com uma proposta até agora inexistente no seu portefólio.
Com 4,57 metros de comprimento, é bem maior do que o Duster, com quem partilha vários elementos, mas são inegáveis os acabamentos e equipamentos de maior qualidade.
A construtora esticou ao máximo a plataforma CMF-B do grupo Renault para conseguir aquela medida, subindo até aos 1,71 metros de altura mas mantendo a largura nos 1,81 metros.
A distância entre eixos foi aumentada para os 2,70 metros face ao Duster mas, com alguma surpresa, descarta uma versão com sete lugares, deixando antes essa "função" para o Jogger.
O foco está mesmo no conforto e na modularidade do espaço a bordo, patente numa bagageira com 667 litros de capacidade até à chapeleira que se assume como líder no segmento.
Um olhar menos atento à frente do Bigster quase não o separa do Duster; as novidades estão mesmo a partir das portas traseiras, que são mais compridas, e nos arranjos imprimidos atrás.
Percebe-se que a Dacia procurou minimizar os custos ao máximo mas sem deixar de renovar o maior número possível de elementos do "irmão" mais pequeno, ou mesmo desenvolvendo soluções originais.
Elegante quanto baste nas suas linhas, o SUV assume um porte mais majestoso com as jantes de 19 polegadas, também uma estreia na oferta da marca, embora sejam propostas como opcionais.
A última grande novidade está no tejadilho panorâmico, que é de série no nível de acabamento mais elevado.
Como acontece nos concorrentes mais directos, a concepção do habitáculo do Bigster mantém vários detalhes já presentes no Duster, logo visível no tabliê em plástico duro mas com bom acabamento.
Atrás do volante pode contar-se com um painel de instrumentos de dez polegadas, sendo de série o de sete; ao lado está o ecrã multimédia de dez polegadas compatível com Android Auto e Apple CarPlay.
A ergonomia é simplificada com vários controles físicos, com dois botões distintos para gerir a temperatura do sistema de climatização automático de duas zonas, naquela que é mais uma novidade da marca.
Uma consola central específica decora a versão híbrida com transmissão automática, dispondo ainda dum inédito compartimento refrigerado.
Renovados foram os bancos com tecidos mais suaves ao tacto, e com o do condutor a poder ter regulação eléctrica mas sem que a configuração possa ser memorizada.
É na traseira que estão as principais alterações, com mais espaço para os ocupantes, e com direito a uma nova modularidade que permite o rebatimento dos três encostos de forma separada.
Se o Bigster está num posicionamento mais sofisticado, precisava de motores dignos dessa categoria sem perder o preço muito concorrencial que define o portefólio da Dacia.
Abandonado que está o diesel, o SUV oferece apenas motores a gasolina electrificados, incluindo a variante bifuel, mas com o novo bloco turbo micro híbrido de 1.2 litros a ter um papel central.
O TCe 130 desenvolve 130 cv quando combinado com tracção integral, enquanto o TCe 140 oferece uns óbvios 140 cv mas apenas às rodas dianteiras, e sempre com a mesma caixa manual de seis velocidades.
Pela primeira vez, a Dacia combina uma solução micro híbrida a apoiar o motor turbo de 1.2 litros para a vertente bifuel Eco-G 140, também com 140 cv de potência e caixa manual de seis relações.
E, com um total de 99 litros de combustível (50 de gasolina e 49 de GPL), a autonomia pode mesmo chegar aos 1.450 quilómetros.
Novidade mesmo é a estreia, mesmo dentro do grupo Renault, da nova motorização 100% híbrida de 155 cv, em contraponto ao seu equivalente de 140 cv que equipa o Duster.
Em vez do bloco térmico de 1.6 litros, é avançado um de 1.8 litros de cilindrada do ciclo Atkinson com 107 cv e 170 Nm.
A ele está combinado um propulsor eléctrico de 50 cv e 205 Nm, e outro que funciona como motor de arranque/gerador de alta tensão, juntando-se uma bateria de 1,4 kWh.
A caixa de velocidades automática tem quatro mudanças para o motor de combustão interna e duas outras para os motores eléctricos.
A chegada do Dacia Bigster aos concessionários nacionais só deverá acontecer depois da Primavera mas ainda sem preços definidos para cada motorização e nível de acabamento.
Mesmo assim, para a Europa são avançados valores abaixo dos 25 mil euros na versão bifuel, com o Hybrid 155 a poder passar dos 30 mil euros.
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