Já não se fazem Ferrari como antigamente é o que apetece dizer após a apresentação do super desportivo mais recente da marca do cavallino rampante.
Passe a ironia, o novíssimo Ferrari 296 GTB revelado na quinta-feira, segue a acelerada tendência electrificada que o mundo automóvel assiste na última década.
Neste Gran Turismo Berlinetta, o V8 foi ignorado para ser substituído por um bloco V6 turbo de 2.992 centímetros cúbicos.
Surpresa é que não se via uma solução mecânica destas, desde os anos 70, num super carro do construtor italiano.
Acontece que é também a primeira vez que um motor com estas características é montado num super desportivo de produção para estrada.
Sim, tal só tinha sucedido em versões de competição, mas o "escândalo" sobe de tom por o Ferrari 296 GTB tratar-se de um híbrido plug-in.
Sendo um motor construído de raiz, este V6 tem os seis cilindros dispostos num ângulo de 120° para obter uma potência máxima de 663 cv.
Claro que, quando combinado com o motor eléctrico de 167 cv e 315 Nm, essa força sobe para uns estratosféricos 830 cv às 8.000 rotações por minuto.
A essa potência junta-se um binário máximo de 740 Nm às 6.250 rpm, ambos passados às rodas traseiras por uma caixa automática DCT de oito velocidades.
É um super desportivo que não deixa de ser "amigo" do ambiente, passe o sofisma, já que a pequena bateria de 7,45 kWh permite circular em modo 100% eléctrico durante 25 quilómetros.
É uma autonomia perfeitamente racional para circular no centro das cidades que impõem carros com zero emissões.
As acelerações em estrada são também prometedoras: mais de 330 km/hora de velocidade de ponta. Os arranques dos zero aos 100 km/hora fazem-se em 2,9 segundos, e bastam 7,3 segundos para chegar aos 200 km/hora.
O poder de travagem é também assinalável: bastam-lhe 107 metros para travar dos 200 aos zero km/hora.
Em jeito de comparação com o Ferrari F8 Tributo, de 720 cv, o novo 296 GTB cumpre em 1m21s uma volta completa ao circuito de Fiorano, o que significa menos 1,5 segundos em relação ao "rival".
No que ao estilo diz respeito, o Ferrari 296 GTB não esconde a sua inspiração no SF90 Stradale, com que a marca se estreou no mundo dos híbridos plug-in.
Houve uma preocupação notória com a aerodinâmica, com as entradas de ar limitadas ao indispensável, e a asa traseira activa a dar uma força descendente de 360 quilos a 250 km/hora.
Sendo a estética geral mais limpa, percebe-se uma separação clara entre o pilar B e o tejadilho, já a prever uma inevitável variante Spider.
O interior volta a seguir as pisadas do SF90 Stradale, muito sóbrio e focado no condutor. O tabliê guarda um painel de instrumentos digital, ladeado por comandos tácteis de cada lado.
E a consola central, bem separada do tabliê, é inspirada nos desportivos da Ferrari da década de 70. Nem sequer é esquecida o comando em forma de H, reminiscente da caixa de velocidades dos carros daquela época.
Agora, se este Ferrari 296 GTB não lhe enche as medidas, pode sempre optar pela variante Asseto Fiorano, ainda mais focado na performance em pista.
Amortecedores adaptáveis Multimatic, elementos da carroçaria em fibra de carbono e pneus Michelin Sport Cup 2 R para as jantes de 20 polegadas ajudam a reduzir o peso em 12 quilos.
E, se optar pelas jantes em fibra de carbono, pode contar com mais uma redução de sete quilos no super desportivo, que pesa 1.470 quilos na sua versão "normal".
Com chegada ao mercado prevista até Março do próximo ano, o Ferrari 296 GTB será proposto a partir de 269 mil euros.
Para o nosso país, esse valor deverá ultrapassar os 300 mil euros sem dificuldade, com a variante Asseto Fiorano a aproximar-se dos 400 mil euros, face à fiscalidade nacional
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