Era uma questão de tempo até a Ferrari cair na tentação de juntar um SUV de altas prestações à sua gama de super e hiper carros.
Depois de várias fotografias tiradas por "espiões", eis que esta quarta-feira foi revelado o novíssimo Purosangue ao mundo.
É um verdadeiro choque cultural na tradição da insígnia do cavallino rampante mas sem renegar os seus genes desportivos.
Mais crossover do que SUV, os alvos a bater estão definidos: o Lamborghini Urus à cabeça, seguido das propostas da Porsche, Bentley e Aston Martin.
O Purosangue representa quase um corte com um historial de 75 anos de sucessos da Ferrari.
E se a marca italiana tenta recusar, por todos os meios, de que a sua mais recente novidade é um SUV, há traços nas suas linhas que negam essa ideia.
Não é só o facto de se estar perante um crossover com espírito coupé; é também o primeiro modelo de Maranello com quatro portas.
Além disso, possui quatro verdadeiros bancos, que neste caso são individuais, para ocupantes com uma estatura normal.
Não é que seja uma configuração propriamente inédita na história da marca, se se pensar nas séries limitadas GTs 2+2 com dois bancos traseiros quase simbólicos.
Levantado o véu, este Purosangue inédito parece mais pequeno do que os 4,97 metros que mede.
A largura chega aos 2,03 metros e a altura aos 1,59 metros, com a distância entre eixos a fixar-se nos 3,02 metros e o peso a situar-se nos 2.033 quilos.
É um crossover muito musculado mas bem estilizado, fruto das muitas horas passadas no túnel de vento para conseguir os melhores índices aerodinâmicos.
Sem negar o seu ADN, percebe-se um capô longo a pender sobre uma grelha muito baixa, ladeada por duas grandes entradas de ar.
As luzes diurnas em LED estendem-se em ambos os lados enquanto as cavas das rodas são cercadas por guarda-lamas em preto.
Visto de perfil, percebe-se a forte linha descendente do tejadilho até à traseira, destacando-se ainda as entradas de ar sob os retrovisores laterais.
Os puxadores escamoteáveis das portas, que abrem de forma antagónica, reforçam a pureza das suas linhas.
Atrás distingue-se a pequena asa sobre a porta da bagageira, e os farolins típicos das mais recentes propostas da Ferrari.
E não se pode ignorar o enorme difusor, a albergar de cada lado duas ponteiras de escape.
As jantes em liga leve, de 22 polegadas à frente e de 23 atrás, reforçam o visual compacto.
O Nero Purosangue que pinta o crossover foi especificamente desenvolvido para ele.
Os pigmentos aplicados, sob determinadas condições de iluminação, criam reflexos vermelhos muito intensos que realçam os volumes do super carro.
O conforto a bordo parece ser prometedor, muito à conta dos acabamentos luxuosos, transformando o crossover num verdadeiro salão sobre rodas.
Os revestimentos juntam fibras têxteis obtidas a partir de poliéster reciclado e poliamida, sem esquecer a pele sintética e Alcantara.
Com quatro bancos independentes, os traseiros até podem ser rebatidos para alargar a capacidade da bagageira, que na sua configuração normal chega aos 473 litros.
O posto de condução é distinguido por um painel de instrumentos totalmente digital, com o ecrã táctil de 10,2 polegadas destinado a entreter o "pendura".
A Ferrari não abdicou das capacidades já demonstradas pelo bloco V12 atmosférico de 6.5 litros, em vez de usar um sistema híbrido ou 100% eléctrico.
São 725 cv de potência e 716 Nm de binário máximos, passados às quatro rodas através de uma caixa F1 DCT de dupla embraiagem com oito relações.
O sistema de cárter seco permite-lhe ficar mais colado ao solo, graças à configuração central dianteira do motor.
E, com a transmissão colocada à frente do eixo traseiro, é conseguida uma distribuição de peso de 49%/51%.
Uma plataforma totalmente nova, com uma estrutura mais rígida mas também mais leve, permitiu elevar em 30% a rigidez torcional face ao GTC4Lusso.
As acelerações também são excitantes do que nunca: 3,3 segundos para chegar aos 100 km/hora, com a velocidade de ponta a superar os 310 km/hora.
Mesmo se o Ferrari Purosangue possa fazer torcer o nariz aos ferraristas mais puros, certo é que o número de reservas já disparou, mesmo se o crossover custe entre 400 mil e 450 mil euros
O caso é de tal maneira "grave" que o director comercial e de marketing Enrico Galliera disse à Automotive News que as encomendas poderão ter de fechar em breve por falta de capacidade de resposta da marca.
O desejo de manter a exclusividade do modelo, à partida, parece estar assegurado, já que não deverá representar mais de 20% das vendas da Ferrari.
Ora, sabendo-se que a capacidade de produção nas instalações de Maranello ronda as 15 mil unidades por ano, tal significa que, por ano, apenas chegarão 3.000 exemplares ao mercado.
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