Os acidentes rodoviários registados em 2019 no nosso país tiveram um custo económico e social superior a 6 mil milhões de euros.
Este valor representa 3,03% da riqueza criada no país nesse ano, revela o estudo O Impacto Económico e Social da Sinistralidade Rodoviária em Portugal apresentado esta quarta-feira.
Dos 6.422,9 milhões de euros, a maior fatia (83,5%) refere-se a acidentes com vítimas e os restantes a desastres sem feridos ou mortos, concluiu o Centro de Estudos de Gestão do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), que elaborou o estudo apresentado pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).
Os acidentes com vítimas tiveram um custo total de 5.362,7 milhões de euros (2,53% do PIB), com os custos humanos a representarem a maior fatia daquele valor (64,7%), correspondente a 3.471,1 milhões de euros.
A segunda componente mais expressiva (26,8% do total) refere-se à perda bruta de produção, estimada em 1.438 milhões de euros.
Seguiram-se os custos médicos (84,6 milhões de euros), os danos de propriedade (263,9 milhões de euros) e os custos administrativos (78,5 milhões de euros).
O documento divulgado pela agência Lusa avança também que os custos dos acidentes sem vítimas atingiram 1.060,1 milhões de euros em 2019, representando 0,5% do PIB.
"Apesar destes números, nos últimos 25 anos assistiu-se a uma significativa redução do custo económico e social da sinistralidade rodoviária com vítimas em Portugal", frisa o estudo.
"De um valor anual que chegou a ultrapassar 7% do PIB", esses números estabilizaram em torno dos 2,5% do PIB" nos últimos anos a preços correntes de 2019.
O mesmo documento indica que, o principal contributo para a redução anual do custo económico e social dos acidentes foi dado pelos ganhos significativos registados na redução do número de vítimas com maior grau de gravidade.
O número de vítimas mortais diminuíram 70%, e os feridos graves baixaram 80,7%.
O estudo concluiu ainda que os custos referentes aos feridos ligeiros são a maior fatia do custo económico e social dos acidentes registados em Portugal em 2019, num total de 2.249,9 milhões de euros.
O documento apresentado pela ANSR dá igualmente conta que o custo económico e social médio de uma vítima mortal de acidente rodoviário é estimado em cerca de 3 milhões de euros por morte, enquanto os feridos graves são de mais de 530 mil euros por vítima.
Os atropelamentos constituem a natureza de acidente com o custo económico e social médio mais elevado entre as diferentes categorias, com 161.737 euros por acidente.
Já os desastres em vias em mau estado de conservação custam 186.477 euros por acidente com vítimas.
O estudo concluiu também que o domingo é o dia da semana em que o custo médio por acidente da sinistralidade é mais elevado. O valor médio ascende a 181.913 euros por desastre, sendo a maior fatia atribuída às vítimas mais graves.
Foi igualmente constatado que Agosto é o mês do ano em que um acidente rodoviário apresenta um custo mais alto, com 171.578 euros.
Os distritos do Alentejo são os que apresentam custos económicos e sociais mais elevados devido, "em boa parte ao elevado número de vítimas mortais e de feridos graves registados".
Para Beja é estimado um valor de 379.098 euros por cada desastre com vitimas, seguido de Portalegre e Évora com custos de 322.696 e 262.185 euros respectivamente,
Em contrapartida, o distrito de Lisboa, com 109.528 euros, apresenta o custo mais baixo por acidente.
Para a ANSR, o estudo "é um instrumento fundamental para a avaliação do impacto das políticas públicas de segurança rodoviária e do investimento em segurança rodoviária, nomeadamente, em infra-estruturas mais seguras".
"Entre 1995 e 2019, Portugal investiu cerca de 33.682 milhões em infra-estruturas rodoviárias, tendo, no mesmo período, evitado 174.810 milhões de euros em custos económicos e sociais".
Esse valor "corresponde a cerca de 82,3% da riqueza criada em Portugal em 2019, que é mais de cinco vezes ao valor investido".
"Também neste período, foi evitada a perda de 24.140 vidas, de 170.456 feridos graves e de 211.615 feridos leves".
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