
















A comissária europeia com as pastas do mercado interno, indústria, empreendedorismo e PME considera que "os carros a diesel estão acabados", acreditando que "em alguns anos eles vão desaparecer por completo". "Essa é a tecnologia do passado", insistiu Elzbieta Bienkowska, escreve o "Negócios".
Apontando como momento decisivo para a mudança de mentalidades na União Europeia, onde metade dos carros ainda têm motores diesel, o reconhecimento da manipulação de dados por parte da Volkswagen em 2015, a comissária de origem polaca, 54 anos, disse à Bloomberg que "as pessoas perceberam que nunca teremos carros a diesel totalmente limpos" – sem óxido de azoto (Nox).
Este escândalo, que levou o antigo CEO a ser acusado de fraude, já custou cerca de 25 mil milhões de euros à construtora alemã em processos na justiça e reparação de viaturas. O grupo reconheceu que equipou 11 milhões dos seus veículos ‘diesel’ com 'software' que falsificava os resultados dos testes de poluição e ocultava as emissões de óxidos de nitrogénio superiores a 40 vezes os padrões permitidos.
Depois de uma primeira "fase de negação", marcada pela "arrogância" da indústria automóvel que teimava em desvalorizar os erros que cometera, a responsável pela política industrial europeia reconhece que está agora "um bocadinho menos frustrada do que há um ano". E anima-se com os planos que envolvem a Comissão e a indústria (incluindo empresas como a BMW, Daimler ou BASF) para a produção de baterias para carros eléctricos e para dominar "toda a cadeia de valor" no Velho Continente.
As vendas de carros eléctricos na Europa ainda representam apenas 1,5% dos novos registos, embora os dados trabalhados pela Bloomberg New Energy Finance estimem que a percentagem vai subir para 5% em 2021 e disparar a partir de 2025. A Nissan, a Toyota, a Subaru ou a Fiat Chrysler estão entre as marcas automóveis que já anunciaram que vão abandonar o mercado de carros a diesel na Europa.
Sendo certo que a comercialização de veículos eléctricos vai continuar a subir nos próximos anos, "os preços das baterias ainda têm de descer mais para que a adopção real pelo mercado seja possível", advertiu Colin McKerracher, analista de transportes da Bloomberg New Energy Finance (BNEF).
E se esse custo das baterias de iões de lítio continuar em queda, apontou um relatório publicado em Março pela BNEF, dentro de apenas sete anos alguns desses carros podem vir a ser mais baratos do que os convencionais, alimentados por combustíveis à base de petróleo.