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ZERO acusa: híbridos 'plug-in' são "eléctricos de fachada"

14:57 - 27-10-2020
 
ZERO acusa: híbridos 'plug-in' são "eléctricos de fachada"ZERO acusa: híbridos 'plug-in' são "eléctricos de fachada"ZERO acusa: híbridos 'plug-in' são "eléctricos de fachada"ZERO acusa: híbridos 'plug-in' são "eléctricos de fachada"ZERO acusa: híbridos 'plug-in' são "eléctricos de fachada"ZERO acusa: híbridos 'plug-in' são "eléctricos de fachada"
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A associação ZERO considera os veículos híbridos plug-in como "de fachada", acusando-os de serem "tão ou mais poluentes do que os automóveis convencionais".

Na denúncia feita esta terça-feira, às viaturas que actualmente dominam as vendas de automóveis "electrificados" no nosso país, a associação ambientalista defende a revisão dos benefícios fiscais associados a tais aquisições.

A ZERO adverte para o que classifica como uma "tendência preocupante" na venda dos veículos eléctricos em Portugal, indicando existir uma "preponderância crescente de automóveis híbridos plug-in".

Estudo internacional confirma denúncia

A denúncia não é propriamente nova já que o Fraunhofer ISI institute, na Alemanha, e o International Council on Clean Transportation, nos Estados Unidos, afinam pelo mesmo diapasão.

Num estudo revelado há quase duas semanas, as duas instituições afirmam que os governos devem rever os benefícios fiscais atribuídos àquele tipo de viaturas.

A investigação, que teve por base a análise de mais de 100 mil veículos híbridos plug-in, repartidos por 66 modelos e vendidos na Europa, China e Estados Unidos, concluiu que as emissões de dióxido de carbono (CO2) são duas vezes superiores às que os construtores automóveis reclamam, sejam elas segundo o ciclo WLTP ou NEDC.

Na pior das hipóteses, as emissões poluentes podem ser até quatro vezes superiores do que os indicados nos números oficiais. Significa isso que um híbrido plug-in, com um nível oficial de CO2 de 50 gramas por quilómetro, poderá realmente produzir entre 100 e 200 g/km.

Uma das razões é que esses veículos são usados como carros da empresa, percorrendo distâncias que excedem a sua autonomia eléctrica relativamente limitada.

No caso da Alemanha, para que um híbrido plug-in substitua com eficiência os modelos convencionais com motores de combustão, os investigadores estimam que terá de ter uma autonomia 100% eléctrica entre os 80 e os 90 quilómetros em vez dos actuais 30 a 60 quilómetros.

Vendas em alta de híbridos plug-in

Segundo os dados de vendas no segmento de veículos eléctricos ligeiros de passageiros nos nove primeiros meses deste ano, foram vendidos 6.882 automóveis híbridos plug-in (56%) e 5.470 viaturas 100% eléctricas (44%).

"É o inverso da distribuição em 2019, em que os veículos 100% elétricos tinham cerca de 55% de quota desse mercado", refere a associação, acrescentando que as vendas dos híbridos plug-in "mais do que duplicaram em 2020 face ao ano anterior, com as vendas dos 100% eléctricos a baixarem 3%".

Para a associação, o cenário português contradiz a tendência verificada na União Europeia (UE), com as viaturas 100% eléctricas a lideraram as vendas no segmento nos primeiros seis meses deste ano, correspondente a uma quota de mercado de 52%, e a um crescimento de 40% face ao período homólogo do ano passado.

Esta tendência apresenta, para a ZERO, dois grandes problemas: o primeiro é que os híbridos plug-in que estão a ser vendidos "são, em boa medida, 'eléctricos de fachada’ (...) com emissões reais (...) tão ou mais altas" do que as de um automóvel comum com motor de combustão.

Em segundo lugar, "as vendas de híbridos plug-in não estão a fazer-se em detrimento das vendas de veículos convencionais, mas sim em detrimento das vendas de automóveis 100% eléctricos".

E são estes veículos que, na verdade, não têm emissões directas de dióxido de carbono e de outros gases poluentes.

Revisão dos benefícios fiscais

Segundo a ZERO, o actual panorama do mercado só é possível por os automóveis híbridos plug-in, embora mais tributados do que os totalmente eléctricos, "beneficiam de grandes benefícios fiscais", especialmente nas vendas para empresas.

"Benefícios fiscais cegos estão a introduzir perversões no mercado", reforça a associação, defendendo que é preciso que o Governo "reveja os mecanismos fiscais que estão perniciosamente a apoiar automóveis híbridos de 'fachada' " no Orçamento do Estado para 2021.

Defende ainda a associação ambientalista a reintrodução do incentivo ao abate de veículos em fim de vida, "mas exclusivamente para apoiar a compra de veículos 100% eléctricos".

Em termos totais, a ZERO observa que as vendas de automóveis eléctricos no nosso país crescem menos do que no espaço da UE, representando, até Setembro, cerca de 38% face a igual período de 2019.

"Estas vendas estão em contraciclo com as vendas totais de ligeiros de passageiros, que baixaram cerca de 39% por força da pandemia da Covid-19".

"Contudo, em comparação com o verificado no primeiro semestre de 2020 na UE, em que as vendas de veículos eléctricos cresceram cerca de 77%, em Portugal, no mesmo período, só cresceram 22%".

Progressos reconhecidos

Apesar de reconhecer alguns progressos, "em particular desde o início de 2020, com a entrada em vigor do limite de 95 g/km", a ZERO aponta as "graves deficiências" que ainda prevalecem no regulamento de emissões poluentes aplicado nas vendas de automóveis novos no espaço comunitário.

"Essas deficiências permitiram que, entre 2016 e 2019, as emissões reais de novos automóveis aumentassem graças às vendas de SUVs (veículos utilitários desportivos), conclui a associação ambientalista.

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