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Para muitos, um Ferrari só pode ser vermelho, tal como um Jaguar deve ser pintado com o "british racing green" e um Porsche fica bem em branco. Há cores que estão inconscientemente associadas a determinadas marcas, sem ninguém saber explicar exactamente porquê...
Mas há uma explicação... A resposta está na história do desporto automóvel, apesar de ter caído no esquecimento com o passar dos anos. A tradição já não é o que era e a memória é cada vez mais curta e condicionada pelas wikipedias digitais, apesar de haver mais mundo para além delas...
O vermelho dos Ferrari ou dos Alfa Romeo não nasceu porque os seus responsáveis gostavam da cor. A explicação passa pelo velho Anexo K do Código Desportivo Internacional (hoje este anexo regulamenta as provas reservadas a automóveis clássicos), que regia a cor dos automóveis de cada país de acordo com a origem do piloto, equipa ou construtor. O vermelho identificava Itália, da mesma forma que outras cores identificavam outros países.
Foi assim durante muitos anos até a publicidade alterar as regras do jogo em todas as disciplinas do desporto automóvel, impondo as cores dos produtos de quem paga, apesar dessa regra ter excepções como a Scuderia Ferrari que conserva o vermelho dominante, apesar de ter sido pioneira na publicidade na F1 graças ao apoio da Heuer.
Actualmente, os mais jovens dificilmente identificam o azul claro dos antigos Bugatti 35 como a cor nacional francesa, que sobreviveu nos Renault até aos anos 70, o amarelo e verde como as cores belgas, ou o branco com duas riscas longitudinais azuis como a imagem dos EUA. Mas na época tudo estava legislado e a associação cor-país era tão imediata para os espectadores como o touro identifica os Red Bull na F1 moderna, que nada têm a ver com a tradição ou a cultura austríaca que está na origem da equipa.
O British Racin Green tornou-se mítico graças aos sucessos das marcas britânicas, mas há excepções. Para fazer a diferença face à Jaguar, a Aston Martin assumiu um verde mais claro e metalizado, que ainda hoje a identifica. O mesmo aconteceu na Alemanha onde o branco oficial deu lugar ao prata dos "Silver Arrows" da Mercedes por um mero acaso, que passou a ser a nova cor (não oficial) do país onde a Porsche preservou o branco durante muitos anos.
A questão das cores era um assunto muito sério. Tão sério que em 1964 serviu de argumento ao protesto da Ferrari contra a Federação Italiana, que o Comendador acusou de não ter defendido os interesses da Scuderia num litígio com a Federação Internacional, na questão da homologação do 250 LM na categoria GT. Por isso os Ferrari alinharam nos GP dos EUA e México sob a inscrição do seu importador americano (NART), apresentando os carros da Scuderia pintados de branco com as faixas longitudinais azuis. Foi um escândalo...
Portugal era identificado pelos veículos pintados de branco (parte inferior) e vermelho (Casimiro de Oliveira na foto a preto e branco), uma cor que sobreviveu fora do mundo da competição nos carros da escola de condução do Automóvel Clube de Portugal até ao final dos anos 80, mas até isso se perdeu porque as tradições já não são o que eram. Mesmo assim vale a pena recordar as cores de alguns países, para tentar perceber porque é que há cores que ainda vão surgindo aqui e ali como forma de recordar o passado...
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