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Todos apostam na Fórmula E: será uma boa notícia?...

Todos apostam na Fórmula E: será uma boa notícia?...

14:43 - 03-08-2017
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Não há memória de um Campeonato do Mundo da FIA que mobilize tantos construtores como a Fórmula E. Já estão – ou vão estar – presentes a nível directo (ou mais ou menos disfarçado), marcas como a Audi, DS, Jaguar, Mahindra, Mercedes, Porsche e Renault.

A nível pessoal não temos dúvidas em afirmar que as corridas são uma estopada (desculpem lá qualquer coisinha...) e não há paciência para provas disputadas em pistas exageradamente cosmopolitas e estupidamente desinteressantes em termos desportivos, com carros que não têm (para já) autonomia para terminar o número de voltas, obrigando os pilotos a trocar de veículo a meio da corrida.

Mesmo assim, o leque de interessados contrasta com aquilo a que podemos chamar as disciplinas nobres do desporto automóvel. Na F1 temos a Ferrari e a Mercedes, sem esquecer a Renault e a Honda; no Mundial de Ralis surgem a Citroën, Hyundai, Toyota e a Ford escondida atrás da M-Sport; no WEC (apesar do misticismo de Le Mans), depois do adeus da Audi e da despedida anunciada da Porsche, apenas ficou a Toyota; não sabemos o que irá acontecer com o DTM depois de a Mercedes anunciar que deixa o campeonato em favor da Fórmula E, e não vemos futuro para os "Turismo" onde o WTCC definhou... Quer queiram, quer não, o desporto automóvel tem cada vez menos audiências e mais desertores.

Paralelamente, o mundo automóvel pensa eléctrico, empurrado pela política, e a mobilidade eléctrica poderá ser uma alternativa (a mais imediata) para o futuro, mas talvez não seja a única solução, por muito que custe aos decisores políticos. Só que isso é outra questão.

Hoje, para os grandes construtores a opção eléctrica é o lado certo da barreira, a posição politicamente mais correcta, e isso acaba por ser extensível à Fórmula E. A opção não deixa de fazer sentido quando todos sentem a necessidade de colocar no mercado propostas "electrificadas" para responder às médias legais de emissões poluentes. Para quem fabrica automóveis esta via faz sentido, mas não é uma questão de consciência ecológica, é uma opção económica...

A Fórmula E (ainda) é um veículo de promoção acessível. "O desporto automóvel é uma ferramenta de marketing onde a competitividade deve ser gerida para conter os custos", referiu Carlos Tavares, o presidente do Grupo PSA, que está presente no campeonato com a DS. Mas alerta: "A presença de tantos construtores representa uma grande oportunidade, mas também um grande risco". É normal, ninguém está na Fórmula E apenas pelo prazer de competir. Todos estão lá para ganhar e isso vai multiplicar os investimentos a curto prazo.

Diz-se que uma temporada de Fórmula E pode custar entre 20 a 25 milhões de euros, cerca de metade do orçamento para o Mundial de Ralis (WRC) e 10 vezes inferior à presença no Campeonato do Mundo de Resistência (WEC), para já não falar das loucuras económicas da F1, um mundo à parte. Mas será assim durante quanto tempo?

Não há dúvidas de que os budgets vão disparar e, quando tal acontecer, os desertores vão aparecer. Ninguém se pode esquecer que ao longo dos anos os grandes construtores apostaram na competição quando estavam na mó de cima e afastaram-se dela quando deixaram de ganhar. É por isso que a Scuderia é a única equipa que está na F1 desde o primeiro campeonato, só que a Ferrari é uma excepção pois nasceu para financiar a presença no desporto e não para promover os seus automóveis.

Assim sendo, se é óptimo reunir tantos construtores à volta de um campeonato, também é extremamente perigoso. Quando se fala em investimentos e no retorno das verbas investidas, há quem faça contas e os resultados têm que ser positivos. Por isso, depois de uma ascensão meteórica ao pico da montanha, a Fórmula E tem de ter algum cuidado com os próximos passos em frente – é que quanto mais alto se sobe, maior é a queda...
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