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Por muito que ainda há quem torça o nariz aos automóveis eléctricos, por muito que ainda possa custar aos mais empedernidos amantes do roncar de um belo V8 a gasolina, não há grande volta a dar, a mobilidade limpa é mesmo o nosso futuro.
É verdade que a progressão tem sido lenta, que o aumento das autonomias ainda não satisfaz plenamente os desejos de uma utilização plena, que os tempos de "reabastecimento" (leia-se recarga) continuam longos e que os preços dos veículos se mantêm elevados. Mas temos assistido a um progressivo ajustamento de todos aqueles factores e a uma evolução que, se compararmos com a evolução do próprio automóvel, tem sido muitíssimo mais rápida.
Ou seja, daqui para a frente será sempre a acelerar na disseminação e banalização do automóvel eléctrico, num crescimento exponencial assente em gigantescos investimentos que os maiores construtores estão dispostos a fazer. Só dois exemplos: a Daimler (empresa-mãe da Mercedes) anunciou dez mil milhões de euros de investimento na criação de uma gama de veículos eléctricos; o Grupo VW pretende construir uma fábrica própria de baterias, tornando-se independente num aspecto crucial para o fabrico de automóveis eléctricos.
Além desta conjugação de vontades, eis que, de repente, 2017 nos aparece como o ano da grande oportunidade de uma maior expansão dos automóveis "emissões zero", com a inestimável ajuda… da indústria petrolífera! Com o acordo recentemente alcançado no seio da OPEP (a Organização dos Países Exportadores de Petróleo), a produção do "ouro negro" será reduzida de forma significativa já a partir de Janeiro (1,2 milhões de barris por dia), acompanhada por cortes de produção em países que não fazem parte da OPEP, como a Rússia.
Se só o anúncio do acordo fez o preço do petróleo disparar cerca de 10%, imagine-se o que nos espera no próximo ano quando a produção se reduzir de facto. Os preços continuarão a subir dos actuais 52,7 dólares o barril, podendo voltar a escalar até próximo da barreira dos 100 dólares. Ou seja, preparemo-nos para uma subida dos preços dos combustíveis no próximo ano… O que tornará mais atractiva a hipótese eléctrica.
A ajudar, o anúncio conjunto das marcas alemãs BMW, Daimler, Grupo VW e Ford – na Europa, a marca americana "encosta-se" sempre às alemãs, tendo a sua sede em Colónia… – da instalação de uma vasta rede de supercarregadores ao longo das principais estradas europeias. É a aposta na infraestrutura de carregamento que tem sido um dos maiores entraves à popularização do automóvel eléctrico, passando a permitir aumentar o raio de acção deste tipo de automóveis. Pelo número de postos disponíveis – cerca de mil, mas 400 já a partir do próximo ano! – mas, em especial, pelo menor tempo de recarga, pela elevada potência dos mesmos.
Combustíveis fósseis mais caros, por um lado, aumento da rede de recarga e redução do seu tempo, por outro, tudo está a jogar a favor do automóvel eléctrico. Os construtores querem, claramente, agarrar esta "conjugação dos astros" a favor da nova mobilidade, mas não podem cair no erro de, nesta fase que ainda se pode considerar embrionária, caírem em "guerrinhas" que só irão emperrar o progresso…
Por exemplo, não deixa de ser estranho que naquele importantíssimo anúncio não apareçam os construtores franceses. Mais estranho ainda que não esteja incluída a Aliança Renault/Nissan que tem só os dois modelos eléctricos mais vendidos na actualidade, o Renault Zoe e o Nissan Leaf… A explicação é a diferença do tipo de ficha usada nos carregamentos, todos estes usam a ficha "ChaDeMo", enquanto o novo projecto alemão optou pela ficha CCS (Combined Charging System) que aguentar cargas com potências superiores.
Este é, para já, um problema que urge resolver rapidamente, o da universalização das fichas de recarregamento. Para que uma instalação de postos a nível europeu possa, de facto, servir todos os automobilistas. Não passa pela cabeça de ninguém que cada marca necessitasse de um bocal específico da mangueira de abastecimento de combustível, pois não?! Então o mesmo se deve passar no carregamento de carros eléctricos.
É urgente haver uma uniformização dos sistemas, para que a mesma infraestrutura possa ser usada por qualquer modelo. Para que os automóveis eléctricos não deixem passar esta grande janela de oportunidade que se lhes vai abrir dentro de muito pouco tempo! Além das apostas decisivas no desenvolvimento de novos automóveis e numa extensa rede de abastecimento, é "só" mesmo o que falta para a expansão dos carros menos poluentes do Planeta. Tem de ser… agora ou nunca!
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