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Quem olhe despreocupadamente para as vendas de automóveis em Portugal neste inicio de ano, fica com a ilusão que a famosa crise que assola a Europa desde 2009 já não mora aqui.
Há quase 15 anos que não se vendiam tantos automóveis como em 2016 e em rigor, é preciso recuar até 2002 para encontrar um valor mais elevado do que as 74.412 matriculas já registadas entre janeiro e abril deste ano. Se juntarmos a este número extraordinário, um ranking que põe a Mercedes e a BMW no TOP 5 de vendas, então arriscamo-nos a ficar com a certeza que Portugal é mesmo um paraíso e que a geringonça afinal funciona.
Infelizmente, a realidade está longe de ser tão cor-de-rosa e os números não resistem a uma análise mais profunda. Afinal, só porque em maio o Imposto Automóvel mudou e as marcas se apressaram a matricular os carros que tinham em casa, é que as vendas no primeiro trimestre cresceram 26%. Um sinal de isso mesmo, é que em abril as vendas estabilizaram em valores semelhantes ao do ano passado e o maio segue também nesta tendência. Por isso, o que falta de 2016 promete ser apenas ligeiramente superior ao ano passado e não deverá ser ainda desta, que o mercado volta a se aproximar da barreira das 200,000 unidades.
Quanto à presença da BMW e da Mercedes no TOP 5, desiludam-se os otimistas porque nada tem a ver com o dinamismo da economia. E não, o principal culpado também não é (só) o ego dos Portugueses que o leva a fazer loucuras para ter um carro melhor que o vizinho.
O grande culpado para este tique de país de rico, é o estado Português que mantém uma fiscalidade anacrónica que beneficia os carros topo de gama. A combinação de um Imposto Automóvel que é cego ao valor do carro; de um Imposto de Circulação que se baseia numa cilindrada de motor; de um IRC que permite a utilização quase sem regras dos carros de serviço, acaba por empurrar o comprador de carro para modelos de topo de gama.
É claro que se a consequência fosse apenas esta não viria grande mal ao mundo. Afinal não queremos todos ter carros de luxo? O problema é que com esta politica, estamos de facto a promover o desperdício. Algo acaba sempre por ser pago mais tarde, de uma maneira ou da outra.
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